quarta-feira, 8 de junho de 2011

Grande Desabafo

Sempre gostei de escrever e, de momento, isto é o mais próximo que tenho de uma terapia, portanto não vou desistir, nem desaparecer, nem nada disso - quer dizer se não poder vir escrever não venho, mas não será por este motivo.
Voltei também depois de ver os comentários de apoio, que acreditem me deram muita força. Tinha acabado de comer tostas de arroz com manteiga, comecei a ler os comentários e pensei "Realmente, quando é que tu deixaste de acreditar em ti?". A verdade é que não sei. Continuo a achar que os comentários de toda a gente quando eu era magra fizeram com que alguma coisa fizesse click cá dentro porque pensei "Agora que eu me sinto bem, toda a gente diz que estou mal", ou seja, comecei a pensar que para as outras pessoas eu nunca estaria bem. Mas ainda hei-de perceber porque raio liguei a esses comentários!!
Já quando era nova e cresci de repente e fiquei magra, porque o corpo não teve tempo de se adequar àquele crescimento repentino, a minha tia (que é bem magrinha) estava sempre a fazer comentários e a comparar-me com a filha dela - eu nunca tinha "cú para as calças" eu era uma "trinca-espinhas" e a filha dela é que era a boa e a jeitosa, as roupas dela chegavam para duas de mim. E quando saíamos as duas, os rapazes olhavam sempre para ela e eu ficava sempre de parte. Nunca me esqueci dessas comparações. E quando voltei a emagrecer ela voltou a fazer a mesma coisa e contínua, apesar de eu ter engordado e irrita-me. 
Irrita-me isso e que toda a gente que me vê tenha de dizer que eu estou muito melhor agora, mais cheiinha, mais bonitinha, mais compostinha, mais inhinhinhas etc e tal. CALEM-SE! Porque é que as pessoas têm sempre de querer saber da vida dos outros, opinar, julgar? Ninguém lhes tinha pedido a opinião e eu estava tão bem, mas tão bem. Só quero voltar atrás no tempo.
Ainda o meu namorado no outro dia disse "Quero voltar a ver-te super feliz, sempre com um sorriso na cara, alegre, como quando te conheci" - também eu quero, tanto mas tanto, por mim, por ti e por nós, que também já merecemos um descanso desta minha vida sem sentido.

A verdade é mesmo essa: EU TENHO DE ACREDITAR EM MIM! Mas como é que eu volto a fazê-lo, como é que eu volto a ser mais forte do que a comida, como é que eu volto a controlar e não a ser controlada? Pela comida, pela família, por tudo.... Quando?

Já estou aqui a remoer-me toda de ter comido as tostas. E nem quero lembrar o que comi até à hora de almoço, mas cá vai: 1/2 melancia, 1 pacote de bolachas integrais com queijo de barrar com alho e mais não sei o quê, 1 pacote de bolachas de chocolate e laranja, 8 bolachas com pepitas de chocolate, laranja, maçã e uma grande tigela de massa 4 queijos... Apetece-me desaparecer!

A verdade é que eu já não me reconheço mesmo. Já o namorado também diz "Como é que tu eras tão controlada, nunca te desleixavas em nada da comida e agora não consegues controlar?", como eu te queria saber responder.

Sinto-me tão perdida, por um lado parece que vem a força e estou pronta para começar e depois aparecem os pensamentos da comida... Eu já disse ao namorado "O que eu devia fazer era sair de casa e vir viver contigo por uns tempos, porque aqui não há porcarias para eu comer e em casa a minha mãe teima em comprar". Não posso culpar a minha mãe. Quer dizer, até posso um bocadinho, mas não quero, vai fazer-me pior, mas ela não deu mínima atenção ao caso, fez-me o diagnóstico e desde que me veja a comer (e muito de preferência) tudo está bem para ela agora.

Ao ver os comentários, ao ler os meus textos, começo a pensar como é que cheguei aqui? Não tenho coragem para voltar à nutricionista, sei que sozinha nunca irei ao tal médico que me aconselharam e também sei que sozinha dificilmente encontrarei o equilibrio, mas não sei como é que as pessoas mais próximas me poderão ajudar, porque eu não sei ajudar-me. E sempre que tentam ajudar-me eu reajo mal.

Eu não me conheço, esta não sou eu, mas quero muito, muito encontrar-me.

Esta fase dos exames não tem ajudado, hoje estive a pensar e percebi que também ando muito em baixo devido à monotonia dos meus dias - sempre a estudar ou em casa no namorado ou em minha casa e os meus dias têm sido isto, ainda não tive férias e estou a desesperar por elas.
Mas vou ter de fazer uma coisa nas férias: sair de casa de manhã e voltar apenas à noite, nem que seja jantar, depois tomar um café ou algo do género com o namorado e depois chegar a casa e dormir. Não quero parar mais em casa, tenho medo de estar em casa.

Desafio dos líquidos? Esquece! Quanto mais falo em líquidos mais sólidos como, não adianta. Estou a pensar pegar no plano da nutricionista de novo, mas olho para aquilo e sinto que é tanta comida (que piada, quando tenho compulsões como muito mais)... Sinto-me estúpida, estúpida, estúpida! (só falta dar estaladas na cara, e acreditem já fiz isso hoje)
Estou com os nervos à flor da pele e até parece que não sei escrever.
Quero acreditar em mim e deixar de dizer as coisas por dizer, quero fazer, agir, mostrar a mim própria que sou capaz.

Será a partir de quinta-feira? Será que vou ter essa luz quando começarem as férias?

Estou em baixo, não estava assim antes de vir escrever, mas agora estou exausta mesmo. Era por isso que eu queria deixar de vir, mas escrever o que sinto obriga-me a assumir os sentimentos, a reconhecê-los. Obriga-me a relembrar o que fiz de mal e bem. Obriga-me a reflectir e acima de tudo, não me deixa mentir, enganar-me a mim mesma. E é por isso que me deita abaixo, porque vejo o quanto mudei, piorei e o quão descontrolada estou. Mas só vendo, reconhecendo as coisas é que as podemos mudar.

Estou quase a desfazer-me em lágrimas. Ia fazer os exercícios, mas já fiz de manhã. Agora vou pegar no meu chá, já bebi litros hoje, vou enfiar-me no quarto, chorar tudo o que tiver a chorar, escrever se voltar a ter vontade no meu caderno e esperar acordar amanhã mais forte. Onde estás tu, malandra, que te escondeste e não queres voltar, hein? Eu encontro-te, hoje, amanhã, depois... Eu vou encontrar-me! 

Mas agora só quero chorar até não ter mais lágrimas.

P.S Desculpem o texto longo. Agradeço imenso mesmo, todo o apoio, do fundo do coração. Nunca pensei que viesse a ter leitoras e agora sei o bom que é ter. :) Agradeço todas as palavras, apoio e dicas que me dão... E se eu, às vezes, não responder ou comentar os vossos blogs, desculpem, mas a minha cabeça neste momento não consegue chegar para tudo. 


P.S.2: Sei que há muitíssimos problemas muitos mais graves pelo mundo fora, tão graves que nem devo sequer comparar. Mas no 1º ano de psicologia aprendi um coisa que nunca mais esqueci: um psicólogo não diz ao paciente "Deixa lá, há coisas bem piores na vida se pensar bem..." ou coisas do género. O que importa é o que se passa com a pessoa naquele momento. O que importa é a forma como determinada situação/problema está a afectar a pessoa. Porque por muito egocentrista, estúpido que possa parecer "aquilo" é o problema "mais grave do mundo" para o paciente e o importante naquele momento é ajudar a pessoa e não resolver todos os outros problemas do mundo. Entre o que aprendi e o que sinto, é isto que eu acho.


Boa noite...

7 comentários:

  1. oi
    eu compreendo perfeitamente o que estas a dizer... a diferença é que já não tenho mais lágrimas para chorar... por isso quando falho a única coisa que posso fazer é voltar a tentar....

    bjs e muita força tudo vai melhorar

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  2. Te entendo. Aliás, sendo ana/mia ou não, sempre vão te julgar e comparar a alguém,sempre. Mas o importante é ser feliz consigo mesmo. Acredite, me sentia mal por ser muito magra,olhavam(e ainda olham)pra minha irmã, mas sei que há sempre os "amantes da magreza", do diferente, do belo. O importante não é agradar os outros, mas agradarmos a nós mesmas, assim nos tornaremos felizes. Quem gosta da gente de verdade tem de nos aceitar não importa como.

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  3. Li o teu texto todo.
    E só me ocorre uma coisa para te dizer. Por isto que escreveste:
    "Onde estás tu, malandra, que te escondeste e não queres voltar, hein? Eu encontro-te, hoje, amanhã, depois... Eu vou encontrar-me!"
    Por esta frase, dá para perceber que lá no fundo já começas a acreditar em ti, e isso é um óptimo sinal.
    Tem paciência que
    TU VAIS ENCONTRAR-TE de novo
    FORÇA

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  4. Li o teu post todo um pouco angustiada pelo facto de te ver tão perdida mas acredito com paciência e tolerância para ctg irás re encontrar-te! Ao ler te só tinha vontade de te poder ajudar mas primeiro tem de vir de ti, no entanto estamos cá para te dar o apoio moral necessário!! Força linda
    1

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  5. Pra nós, é fácil entender tudo o que disse, principalmente no final quando você disse que pro paciente, aquilo é o maior problema do mundo. Se formos conversar com alguém sobre o que sentimos, vão sempre dizer que é besteira da nossa parte mas é como diz uma música que eu ouvi uma vez: "A minha dor dói em mim, em mais ninguém."

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  6. Acho que precisas de ajuda linda! Procura algo que te faça sair desse estado e encontra-te novamente.
    bjs e força!

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  7. ás vezes coisas que escreves eu jºá escrevi, ou estou a sentir e a escrever no meu blogue...ninguem me entende e ninguem me gosta de ler qd estou na merda...é bom aqui teres alguém para te apoiar, não tenho muitas palavras para ti até porque me encontro numa mesma fase..mas há meses mais intensa..com isso engordei finalmente e perdi-me. Desejo-te força...um abraço

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